Ontem à noite, enquanto conversava com a minha mãe sobre os meus avós e bisavós, acabaram por ser lembradas diversas dicas bastante úteis e interessantes. Apesar do desuso de algumas, outras ainda podem ser aplicadas nos dias que correm.

1. Vinagre e papel de jornal para lavar vidros. Esta dica é, desde sempre, uma das que mais me recordo. Ainda hoje, a minha avó deixa os vidros a brilhar com este truque.

2. Cera para limpar o ferro de engomar. Devido ao uso regular deste electrodoméstico, é normal que acumule alguns restos de fibras têxteis. Para removê-las, passe uma vela sobre a base e limpe-a de seguida sobre um pano para o efeito, como se o engomasse.

3. Cinza para lavar bronze. Limpar as camas antigas de ferro nem sempre é tarefa fácil, principalmente no que respeita ao brilho dos metais. No entanto, a minha bisavó usava cinza para lavar as bolas de bronze que ficavam na cabeceira e ao fundo da estrutura. No fim, limpava-as com um pano de algodão. Ficavam a brilhar.

4. Casca de ovo e borras de café como fertilizante. Para fertilizante natural, já há muito que ouvi falar das borras de café. Ultimamente descobri que as cascas de ovo, bem moídas, são também uma opção.


5. Azeite para tirar resina das mãos. Para quem trabalha com produtos à base de resinas, nada melhor do que lavar as mãos em azeite para remover os restos desta "cola". 

6. Cebola para aliviar a tosse. Há quem diga que o sulco que a cebola liberta acalma a tosse. Basta cortar o bolbo a meio e deixar uma das metades, durante a noite, na mesa de cabeceira. Na manhã seguinte as melhorias serão notórias.

7. Farinha para nódoas de gordura. Desde muito miúdo, que me lembro de ver a minha mãe a correr em direcção ao pacote da farinha, assim que alguma gordura caia sobre a roupa. Tirava uma pequena porção com a ponta dos dedos e polvilhava-a sobre a mancha para que fosse rapidamente absorvida. A seguir, lavava a peça normalmente.

8. Gelo para tirar pastilha elástica da roupa. Não diria que este truque seja assim tão antigo, mas, recordou-me a minha mãe que, ao colocar gelo sobre a pastilha torna-se mais fácil despegá-la do tecido. Se preferir, pode deixar a peça no congelador alguns minutos.


9. Cuspo para tirar nódoas de ferrugem ou farruscado da roupa. Antigamente, sendo hábito cozinhar na fogueira, as panelas acumulavam ferrugem e gordura que, acidentalmente, sujavam as roupas. Lavadas à mão em tanques públicos, a "avózita" tinha o hábito de cuspir sobre essas nódoas. Depois, esfregava e lavava como de costume. 

10. Brasa para acentar a borra do café. Este é, sem dúvida, um dos hábitos que ainda hoje completam a rotina de algumas famílias - fazer café de cevada não solúvel ou café de borra como é denominado em algumas zonas. O mais chato, mesmo, é que se tem de esperar algum tempo até a borra acentar. Para resolver esse problema, a minha bisavó, assim que retirava a cafeteira do lume, usava uma brasa activa e segurava-a com uma tenaz dentro da bebida por alguns momentos. Era remédio santo, dizia.

11. Fatias Douradas para aproveitar sobras. Ainda hoje há quem se delicie por esta sobremesa, no entanto, recorrendo a pão fresco. No tempo em que isso era considerado desperdício, o único pão que se permitia usar já apresentava um prazo bastante limitado. Ainda assim, um pouco diferente que na actualidade - o leite era substituído por água. Iguais ou não, o sabor falava por si.

Sempre que posso procuro na minha memória a sabedoria destas gentes.

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